terça-feira, 23 de agosto de 2011

DANÇA CONTEMPORÂNEA E ESPIRITISMO

Por Paula Salles

“A dança é um ato litúrgico do cosmo quando parteja. O que nasce, dança. O que vive, dança.  E o que morre permuta outro campo de movimento ... inicia novo círculo de expressão com nova significação! (Espírito Ananda, 2003- Casa de Oração Fé e Amor)

Gostaria de compartilhar neste texto conceitos que, acredito, aproximam a linguagem da dança contemporânea e o Espiritismo. Portanto, achei conveniente relatar um pouco da minha trajetória pessoal entre estes dois universos, a fim de que, possamos entender de onde surgiram estes possíveis diálogos e juntos busquemos outras proximidades.
Sou bailarina e espírita. Atuo como coreógrafa, professora e pesquisadora de dança contemporânea. Graduada pela Universidade Estadual de Campinas e especialista em estudos contemporâneos da dança pela Universidade Federal da Bahia, em parceria com a Faculdade Angel Vianna, no Rio de Janeiro. Integro o Grupo das Excaravelhas de dança contemporânea em Campinas. Escolhi trabalhar como arte-educadora ou artista-docente como define [1]Isabel Marques.
Há mais ou menos sete anos tornei-me adepta do Espiritismo, o que causou – me uma significativa transformação no meu modo de perceber e conceber a vida. A Doutrina Espírita revelou-me a riqueza do evangelho de Jesus através do conhecimento amplo que Ele possui sobre o amor e o amar. A Doutrina Espírita me revelou ainda, na sua filosofia, a crença na vida após a morte, a possibilidade de comunicação entre encarnados e desencarnados e a reencarnação.
O maior aprendizado que obtenho na Doutrina Espírita é exatamente que todos nós um dia encontraremos a Deus e que para isso é necessário que superemos as nossas imperfeições representadas no Espiritismo pelo tripé da: vaidade, do orgulho e do egoísmo. Mas, como superar as nossas imperfeições? Conhecendo-nos a nos mesmos. Esta é a grande chave que nos é ofertada pelo Espiritismo.
Durante todos estes anos de atuação com a dança e por tanto com a arte, venho justamente procurando compreender de que maneira a dança me ajuda a construir conhecimento sobre o mundo e sobre mim mesma. Tive oportunidade de me apropriar de algumas técnicas da dança moderna e de algumas linguagens de danças brasileiras, passando pela capoeira, congos, maculelê, samba - de – roda e outras manifestações da cultura popular brasileira.
No entanto, foi na dança contemporânea que encontrei sentido para prosseguir construindo conhecimento. O motivo maior desta escolha está relacionado aos princípios históricos a que ela se atrela.
Na década de 60, período em que a dança contemporânea efervescia nos Estados Unidos, o palco italiano deixava de ser o lugar exclusivo da dança, que passa a invadir os espaços públicos. Coincidentemente foi em uma igreja em Nova York, a Judson Memorial Church, que um grupo de bailarinos realizou uma variedade de experimentações, questionando o que poderia ser nomeado como dança e em quais espaços essa arte poderia ocupar e se expor. (Salles, 2006)
A proposta era encurtar as distâncias entre artista e público, tanto através dos espaços ocupados, como através da movimentação utilizada nas criações, nas quais foram introduzidas gestuais comuns ao cotidiano popular. Outra possibilidade aberta nesta proposta foi o diálogo entre diferentes estilos de dança e práticas corporais, buscando encontrar nas diferenças as congruências de sentidos e significados.
Este pensamento ideológico possibilitou uma diversificação da linguagem da dança, no sentido em que ela pôde acolher diferentes meios de manifestação pelo movimento. Caem por terra verdades absolutas de corpos específicos adequados à dança, de artistas superiores a espectadores, de apenas uma forma de dança adequada a simbolizar, leveza, tristezas, amores, morte, assim como, a idéia de que a dança sempre é uma manifestação de alegria e beleza.
As relações e experiências humanas são consideradas pela dança contemporânea como um recurso de criação essencial, pois estas experiências revelam-se nos relacionamentos como um conhecimento sobre o indivíduo e deste sobre o mundo. Uma vez que ela não possui um código de movimentos pré-estabelecido, como encontramos na dança clássica, por exemplo, a dança contemporânea permite ao seu intérprete-criador, elaborar e construir os seus próprios códigos de movimentos, de acordo com o conhecimento e os sentimentos que possui, tanto no aspecto técnico da dança como no aspecto moral. Dançar é sua forma pessoal de interpretar o mundo. É o seu caminho pessoal com Deus.
Ao criarmos e elaborarmos códigos de movimentos, encontrarmos representações na linguagem da dança para nossos sentimentos ou percepções do mundo, consequentemente reelaboramos idéias e conceitos de nós mesmos ou da sociedade na qual estamos inseridos. Além de revermos conceitos, temos a possibilidade de criarmos através da arte, universos imaginários onde a poesia pode substituir a apatia. Ou seja, abrimos espaços para a transformação da nossa realidade.
O ato de criar é portanto, um ato de construção de conhecimento e de transformação do ser humano. Uma vez que para sonhar com um novo homem e uma nova sociedade é preciso primeiramente tomar a consciência do nosso atual estado evolutivo, sabendo que ele é temporário e passageiro e assim, aspirarmos condições mais elevadas.
É justamente neste aspecto que a dança contemporânea e a Doutrina Espírita se aproximam, na minha opinião, partindo do princípio de que expressamos exatamente aquilo que somos e pensamos, mas não estamos presos a estas formas. Deus nos possibilitou a capacidade de modificá-las através do nosso esforço próprio e do nosso aprendizado.
Entretanto todas estas etapas de construção de conhecimento só terão sentidos quando o maior deles for adquirido. A de que Deus rege todas as coisas do universo e que portanto sendo eu parte do universo também sou regida por Deus.
O caminho desta mudança no entanto, é percorrido num tempo indeterminado e em espaços variados onde o Espírito pode habitar. Assim, tal qual na dança, é o movimento, o tempo, o espaço, que estimula o surgimento da beleza, do novo, em detrimento do velho.



Uma vez que, somos Espíritos eternos e que sabemos que a nossa evolução ocorre na terra, assim como em outros planetas, à medida que, nos transformamos vamos modificando também nossos códigos de movimentos e nossas expressões. Vamos modificando as nossas forma de dançar, de representar a nós mesmo e ao mundo. Eis aqui mais um diálogo possível da linguagem da dança contemporânea com o Espiritismo, pois ela representa o estágio evolutivo do nosso Espírito.
Em suma; chegar a Deus no estágio que nos encontramos é um percurso composto de muitas vicissitudes e dos vícios que trazemos desta e de outras encarnações. O processo de criação da dança contemporânea, sob a luz do Espiritismo, nos permite encontrar a beleza apesar das sombras. Ou seja, ela não mascara as nossas imperfeições e as nossas dificuldades, mas ela aponta caminhos por meio da arte do movimento de transformamos esta realidade, em uma nova realidade com Jesus que nos ensina a amar buscando o verdadeiro sentimento de humanidade:
Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo
(Mateus 22:37-39)
Dançar perpetua o movimento do eterno e do divino em nós.

[2]Nascer, Morrer, renascer ainda e Progredir sem cessar, tal é a lei
(Allan Kardec)

[3]O que vive, dança. E o que morre permuta outro campo de movimento...inicia novo círculo de expressão com nova significação!”


Bibliografia  Utilizada:
ALLAN, K. (1857)- O Livro Dos Espíritos de Estudos-tradução Francisco Maugeri-1ª.edição (2007). Cáritas Editora – Campinas.
ALLAN, Kardec. (1864)- – O Evangelho Segundo O Espiritismo de Estudos -tradução – Francisco Maugeri – 1ª. edição (2004). Cáritas Editora – Campinas.
BANES, S.(1987) Terpsichore in Sneakers. Connecticut, Wesleyan- University Press.
HAY, Débora. Artigo (s/ data) : Comprimentos de Ondas ou Fio Telefônicos? In: DALY, Ann (org). Em que se Transformou a Dança Contemporânea?.
SALLES, Paula. (2006) Dançando o Sagrado na Contemporaneidade. Monografia de conclusão do curso de Especialização em Estudos Contemporâneos de Dança pela UFBA e pela Faculdade Angel Vianna.
Referências Bibliográficas:
BOURCIER, Paul. (1987). História da Dança no Ocidente. Editora Martins Fontes. São Paulo.
In, BREMSER, M. (1999) - Fifty Contemporary Choreographers
Selection and editorial matter-
CORTES, Gustavo Pereira - Dança, Brasil: festas e danças populares
MARQUES, Isabel (1999) – Ensino de Dança Hoje: textos e contextos. São Paulo: Editora Cortez.
GOLBERG, K (s/d). –Performance – Live art since the 60’
PORTINARI, Maribel (1989) –História da Dança – Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira




[1] Profa. Dra. Isabel Marques, fundadora e diretora da Caleidos Cia de Dança. Vide o livro o Ensino da Dança Hoje: textos e contextos. 1999.

[2] Frase escrita no túmulo de Allan Kardec
[3]Vide introdução do texto.

Reflexões sobre Dança na Casa Espírita



Espiritismo é a base

Estudo – pureza doutrinária; pesquisa
Reforma íntima


A mensagem
( deve ser clara)

J  Tenho que ter uma mensagem
J  Quem assiste tem que entender
J  A que público se destina


Música


 “ A música desperta na alma impressões de arte e beleza.  A música, melhor do que a palavra, representa movimento, que é uma das leis da vida; por isso ela é a própria voz do mundo superior.”


Mensagem X Movimento



J  Buscar a técnica artística
J  Aprimorar nosso instrumento ( que é o corpo ), para que a mensagem seja transmitida da melhor forma possível



Reforma Íntima
(Vibração)
J  Mudança interior  ( novamente caímos na reforma íntima)

“ Que forças, que luzes, que consolações, que esperanças podemos passar às outras almas se não temos em nós próprios senão obscuridade, dúvida, incerteza e fraqueza ? 




Criação X  Inspiração





Conexão com o outro plano


Objetivos
(a diferença está nos objetivos )


J  Apresentação ( que não é o resultado final, nem um fim em si mesma)
J  Levar uma mensagem
J  Doar-se ( caridade)
J  Busca incessante por melhorar-se (Reforma Íntima)


Daniela Luciana Pereira Soares

Dança na Educação do Espírito


(Trechos do Livro: Introdução ao Estudo da Pedagogia Espírita – Teoria e Prática – Walter Oliveira Alves – IDE Editora)

“Dançando, o homem transcende o ser físico, adentrando na harmonia com o ser espiritual que há em si mesmo e exterioriza esse ser espiritual em vibrações harmônicas nos movimentos de seu corpo.”

         Embora menos comum no meio espírita, a dança vem ganhando cada vez mais espaço e demonstrando sua capacidade de sensibilizar.
         A dança, embalada ao ritmo suave de melodias sensibilizadoras pode provocar emoções dantes nunca sentidas.
         O espírito Camilo, em Memórias de um Suicida, narra um espetáculo cuja beleza “atingia o indescritível, quando, deslizando graciosamente pelo relvado florido, pairando no ar quais libélulas multicores, os formosos conjuntos evolucionavam...” O empolgante espetáculo era acompanhado de “orquestrações maviosas onde os sons mais delicados, os acordes flébeis de poderosos conjuntos de harpas e violinos (...) arrancavam de nossos olhos deslumbrados, de nossos corações enternecidos, haustos de emoções generosas que vinham para tonificar nossos espíritos, alimentando nossas tendências para melhor (...)”. Os espíritos, suicidas, cientes de sua condição e dos sofrimentos e desafios que os aguardavam, sentiam-se fortalecidos em sua vontade de crescer e se elevar.

         A arte trabalhava com a energia volitiva, levando-os a querer evoluir, a querer melhorar-se.
* * * * * * * * * *

         Quando nosso grupo de dança* foi formado as diversas turmas de evangelização estavam trabalhando a primeira parte de O Livro dos Espíritos, o tema Criação.  Foi proposto ao grupo uma coreografia que desse a idéia de Evolução, idéia que, de início, pareceu arrojada demais.
         No entanto, grupo se empenhou no trabalho, escolhendo as músicas com cuidado que, em poucas semanas, tínhamos uma coreografia representando toda a evolução, desde os seres unicelulares até o homem. A emoção foi intensa, e todos perceberam as possibilidades quase infinitas da dança**.
         O grupo de dança, que recebeu o nome de Evolução, foi, durante muitos anos, o mais profícuo em criatividade e dinamismo***.

* Referência ao “Grupo Espírita de Dança Evolução”, criado em Dezembro de 1995 no Instituto de Difusão Espírita.

** Importante citar, que na formação do grupo, nenhum dos integrantes nunca havia feito uma aula técnica de dança, apenas uma jovem, que a partir de então assumiu a coordenação do grupo.

***O Grupo Espírita de Dança Evolução chegou a ter mais de cem integrantes, entre crianças, jovens, adultos e idosos e, ainda hoje, continua desenvolvendo o mesmo trabalho, agora também com deficientes físicos.


*******************
        
Acreditamos ser indispensável,  para iniciar o trabalho, alguém com curso de dança e que, acima de tudo, realize a tarefa com muito amor.  Todavia, temos a certeza que os trabalhadores sinceros estão por toda parte.
As possibilidades de criação poderão variar ao infinito.
Talvez o mais importante, seja manter no grupo o espírito de união e cooperação. E o cimento que dá coesão a toda obra desse porte é o amor.
A técnica é necessária, mas o amor ao trabalho bem feito, o amor à arte é indispensável.


“Assim como a música trabalha com os movimentos interiores da alma, a dança exterioriza os movimentos do seu mundo interior.  Dançando, o homem transcende o ser físico, adentrando na harmonia com o ser espiritual que há em si mesmo e exterioriza esse ser espiritual em vibrações harmônicas nos movimentos de seu corpo.A emoção vibra em seu coração e se exterioriza nos movimentos harmônicos do corpo, que representam os movimentos interiores da alma. O artista abre espaço o próprio espaço para a sua vibração, que se expande além do visual e atinge o expectador que pode captar, não só pelos olhos e pelos ouvidos, mas entrando em sintonia com essa vibração.” ( Educação do Espírito. Walter Oliveira Alves. IDE Editora – Cap. 8 – item 6)


Compromisso Pessoal


Nada de personalismo dissolvente na lavoura do espírito.

Qual ocorre em qualquer campo terrestre, cultivador algum, na gleba da alma, pode jactar-se de tudo fazer nos domínios da sementeira ou da colheita.

Após o esforço de quem planta, há quem siga o vegetal nascente, quem o auxilie, quem o corrija, quem o proteja.

Pensando, porém, no impositivo da descentralização, no serviço espiritual, muitos companheiros fogem à iniciativa nas construções de ordem moral que nos competem. Muitos deles, convidados a compromissos edificantes, nesse ou naquele setor de trabalho, afirmam-se inaptos para a tarefa, como se nunca devêssemos iniciar o aprendizado do aprimoramento íntimo, enquanto que outros asseveram, quase sempre com ironia, que não nasceram para líderes. Os que assim procedem costumam relegar para Deus comezinhas obrigações no que tange à elevação, processo, acrisolamento ou melhoria, mas as leis do Criador não isentam a criatura do dever de colaborar na edificação do bem e da verdade, em favor de si mesma.

Vejamos a palavra do Apóstolo Paulo, quando já conhecia os problemas do auto-aperfeiçoamento, em nos referindo à evangelização: "Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus".

A necessidade do devotamento individual à causa da Verdade transparece, clara, de semelhante conceituação.

Sabemos que a essência de toda atividade, numa lavra agrícola, procede, originariamente, da Providência Divina. De Deus vêm à semente, o solo, o clima, a seiva e a orientação para o desenvolvimento da árvore, como também dimanam de Deus a inteligência, a saúde, a coragem e o discernimento do cultivador, mas somos obrigados a reconhecer que alguém deve plantar.
"Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus" - Paulo. (I Coríntios, 3:6).
Livro: Ceifa de Luz
Emmanuel & Francisco Cândido Xavier

INFÂNCIA E ARTE OU ONDE SE INICIA A FORMAÇÃO DO ARTISTA ESPÍRITA


       Daniela L. Pereira Soares *



“Creio que a arte deve ser praticada para ser apreciada, e ensinada em aprendizado íntimo. Creio que o mestre não deve ser menos ativo que o aluno. Pois a arte não pode ser aprendida por preceito, por uma instrução verbal qualquer. Ela é, falando com propriedade, um contágio, e se transmite como o fogo de espírito para espírito.”. (Read, 1986, p.15)

Em 1998 tive a oportunidade de participar pela primeira vez do FECEF – Festival da Canção e Arte Espírita de Franca/SP. Não era o primeiro encontro de artes que participaria, no entanto, aquele seria o que me impressionaria mais, durante todos esses anos.
Os estudos, as oficinas, o festival, o contato com diferentes artistas, tudo fora muito significativo, mas também bastante parecido com outros encontros que já havia participado anteriormente. No entanto, o que mais me chamou a atenção foram os bastidores de toda essa ação, o que colocava toda a engrenagem em funcionamento e fazia o encontro acontecer. Ali se viam crianças e adolescentes de todas as idades participando ativamente junto com seus pais (artistas-trabalhadores) em atuações artísticas, em serviços diversos que o evento exigia, ou simplesmente participando indiretamente, pois a presença de seus familiares ali naquele local, assim o exigia.
Pensei comigo, uma criança que cresce vendo o pai, a mãe, cantando, interpretando, estudando arte, tomará isso como algo comum e naturalmente irá se engajando em alguma atividade artística desde a infância e se não se tornar um futuro artista, crescerá sob o estímulo da beleza, de uma estética que fará diferença em sua vida adulta.
Até então só conhecia grupos de teatro/música onde a maioria eram adolescentes, ou jovens iniciando a fase adulta. Mas ali, pude ver concretamente, famílias inteiras engajadas em diferentes linguagens artísticas. Foi o exemplo que mais me marcou, a imagem mais bonita que trago comigo da vivência em arte espírita até os dias de hoje.
Cito os companheiros de Franca, mas sei que existem trabalhos belíssimos realizados em outras localidades envolvendo a infância, a juventude e a maturidade em atividades conjuntas que conjugam a arte e a Doutrina Espírita, realizando com toda certeza, mais um encontro de “espíritos” com objetivos afins do que um agregado de diferentes faixas etárias para uma atividade comum.


1. Infância e Arte

“Ó espíritas! compreendei hoje o grande papel da humanidade; compreendei que quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XIV – p. 193)

Indo direto ao ponto, gostaria de refletir um pouco sobre a arte, a educação e a infância na casa espírita.
Vemos anualmente surgirem vários grupos de arte espírita onde os protagonistas são jovens e adultos, inúmeras discussões em torno da qualidade técnica dos espetáculos, do público alvo, às diversas maneiras de se atingir a mídia e expandir a difusão de uma arte espiritualizada, no entanto, poucas vozes se erguem para discutir o fazer arte de qualidade para crianças, a formação e valorização de grupos de arte espírita infantis visando o preparo estético e moral dos artistas do porvir.
No Livro dos Espíritos, na questão 385, os espíritos nos chamam a atenção para a importância e a finalidade da infância:

“... os Espíritos não entram na vida corporal senão para se aperfeiçoar, se melhorar; a fraqueza da pouca idade os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que os devem fazer progredir. É quando se pode reformar seu caráter e reprimir-lhes as más inclinações; tal é o dever que Deus confiou aos pais, à missão sagrada pela qual deverão responder. Por isso a infância não é somente útil, necessária, indispensável, mais ainda ela é a conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.”

            Como a própria Doutrina Espírita nos adverte, é sobre os pais que repousa a maior responsabilidade de educação e formação integral da criança, no entanto, por que não aproveitar esse momento tão importante na vida do espírito para lançar as bases de uma arte voltada ao aprimoramento e elevação dos seres?
            No Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo VIII os Espíritos nos afirmam que a partir do nascimento, as idéias, tendências e impulsos que o indivíduo traz de existências pregressas, começam a se manifestar gradualmente, de acordo com o desenvolvimento dos órgãos, o que torna plausível a afirmativa de que: “... durante os primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente criança, porque as idéias que formam o fundo do seu caráter estão ainda adormecidas. Durante o tempo em que seus instintos dormitam, ele é mais flexível e, por isso mesmo, mais acessível às impressões que podem modificar sua natureza e fazê-lo progredir... (p.114)”
             Segundo ALVES (1997: 67), as experiências por que passa nesta existência, desde os primeiros meses, e mesmo durante a gestação, as vibrações que sente, os exemplos que observa, os livros que lê, enfim, tudo o que acontece à sua volta vai influenciar a criança, positiva ou negativamente.
Dessa forma, temos na infância o período mais propício para a educação em seu sentido integral e, por conseguinte, o momento mais importante para colocar a criança diretamente sob o estímulo da beleza, do bem e do belo, “já que neste período está mais acessível às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados da sua educação.” (O Livro dos Espíritos, questão 383)

2. Educação e Arte
“Educar para a arte, com arte, pela arte, é, pois, colocar o indivíduo em contato com as forças mais profundas de sua alma – é trabalhar com camadas do inconsciente, é buscar o fio condutor que nos leva à essência de cada um. (INCONTRI – Pestalozzi 2009, p.125),

Antes de iniciarmos nossas reflexões sobre educação e arte, faz se necessário definir a concepção de educação e arte que irá nortear as idéias aqui esboçadas.
            Ao falarmos em educação, nos referimos à formação integral do indivíduo, que abrange os seus aspectos bio-psico-social-espiritual, ou seja, o desenvolvimento da inteligência, sentimento, vontade.
Esta idéia de educação se refere não apenas a educação formal, mas também e mais fortemente a educação ou evangelização espírita, alicerçada na Doutrina Espírita que se assenta nos aspectos – científico, filosófico e religioso maravilhosamente integrados.

“O Espiritismo deverá reformular os padrões da Educação humana...”
“... O Espiritismo confere à ação educativa – a meta espiritual. Desfazem-se os objetivos educacionais puramente terrenos, esses que pretendem fazer do homem uma pessoa bem ajustada aos padrões da sociedade vigente. Projetam-se objetivos para o infinito. Trata-se de formar homens bem ajustados às Leis de Deus – eternas e cósmicas – muito superiores e muito mais importantes ao Espírito do que as leis e os costumes humanos, passageiros e sujeitos às decepções da marcha do progresso.” (INCONTRI – Léon Denis, 1997, p.216)

 Compartilhando as idéias de Alves (2000: p.24) acreditamos que o movimento de evangelização infantil não pode definir seus objetivos somente como o desenvolvimento moral do indivíduo, pois isso seria apenas parte do processo, deixando de lado a outra asa da evolução humana – a razão. Em consonância com o Espiritismo e as concepções de educação apresentadas por Walter Oliveira Alves, em seu livro Introdução ao Estudo da Pedagogia Espírita, entendemos que em “síntese, a educação tem como objetivo auxiliar a evolução do Espírito”.
            Estas idéias de educação como formação integral do ser, embasadas na Pedagogia Espírita, parecem vir de encontro com o pensamento esboçado por Platão, como nos afirma SOUSA (2003):
“Esta educação holística, que parece ter sido inicialmente tentada por Pitágoras na sua escola de Crotona, terá recebido de Sócrates a perspectiva da formação através do autoconhecimento, influenciando ambos as posições platônicas de uma educação voltada para a formação da pessoa no seu todo, objetivada para sua evolução.” (SOUSA, 2003, p. 11)

            Platão, afirmava ainda, a importância de uma educação artística no seu sentido mais amplo e suas idéias em relação ao estado da latência da razão no período da infância vêm na mesma direção do que afirma a Doutrina Espírita: “quando ele (espírito) é criança, é natural que os órgãos da inteligência, não estando desenvolvidos, não podem dar-lhe a intuição de um adulto. Ele tem, com efeito, a inteligência muito limitada enquanto a idade faz amadurecer sua razão...” (Livro dos Espíritos, na questão 380).

“Uma (educação artística) é a única que dá harmonia ao corpo e enobrece a alma... devemos fazer Educação com base na arte logo desde muito cedo, porque ela pode operar na infância durante o sono da razão. E quando a razão surge, a Arte terá preparado o caminho para ela. Então ela será bem vinda, como um amigo cujas feições essenciais têm sido há muito familiares.” (in Fedro)

            Essa relação entre Educação e Arte, que como pudemos observar vem desde a Grécia Antiga, berço da cultura Ocidental, vem se desenvolvendo e acompanhando o avanço do pensamento de alguns teóricos da educação, da psicologia e da arte ao longo dos tempos. Dentre estes pensadores, destacamos as idéias de Herbert Read[1], cuja obra “Education Through Art (1942)”, exerceu grande influência não apenas no campo da educação artística, como da educação de forma geral. SOUSA (2003), citando Read nos diz que, retomando as idéias de Platão, de que a arte deveria ser à base de toda a educação, H. Read clarifica conceitos como os de educação e de arte, analisando a sua união indissolúvel e a sua importância em todos os níveis do desenvolvimento da pessoa.

“Quando se refere ao papel da arte na educação geral do homem, H. Read não se refere ao campo limitado do “ensino das artes” nem apenas ao campo exclusivo das artes visuo-plásticas. Ele refere-se muito nitidamente há algo muito mais vasto, a uma “educação estética” como uma educação englobando todos os modos de expressão individual: musical, dançada, dramática, plástica, verbal, literária e poética. Uma educação estética em que se realize, no seu pleno sentido, a relação harmoniosa do ser humano com o mundo exterior, para se poder chegar a construir uma personalidade integrada, ou seja, ligada a situações e a valores que obrigam o indivíduo a tomar com independência as suas próprias resoluções.” (SOUSA, citando READ 2003, p. 25)
Concordando com este pensamento, numa ótica mais contemporânea da educação, temos DUARTE (2000), afirmando que “o desenvolvimento de uma consciência estética no indivíduo tem um significado muito mais amplo do que a simples apreciação da arte. Ela compreende justamente uma atitude mais harmoniosa e equilibrada perante o mundo, em que os sentimentos, a razão e a imaginação se integram; em que os sentidos e valores dados à vida são assumidos no agir cotidiano.”
            Não queremos, com os pensamentos esboçados ao longo de nosso texto, dizer que a arte não tem importância em si mesma, isso seria negar o que acreditamos e as próprias idéias trazidas pelo Espírito de Massenet em “O Espiritismo na Arte”, de Léon Denis. Mas desejamos também pensar a arte como atividade estética, o que a alia perfeitamente com a educação, sem de forma alguma ferir os conceitos de arte expressos pelas obras espíritas, mas reafirmá-los, trazendo da mesma forma, novas concepções de arte, as propostas educacionais espíritas.
            Além disso, buscando apoio em estudiosos da Arte e Educação, citamos outros benefícios que a arte oferece as nossas crianças:

Eisner entende que, ao realizarem atividades artísticas, as crianças desenvolvem auto-estima e autonomia, sentimento de empatia, capacidade de simbolizar, analisar, avaliar e fazer julgamentos e um pensamento flexível; também desenvolvem o senso estético e as habilidades específicas da área artística, tornam-se capazes de expressar melhor idéias e sentimentos, passam a compreender as relações entre partes e todo e a entender que as artes são uma forma diferente de conhecer e interpretar o mundo. (Almeida, 2001, p. 14).

A Pedagogia Espírita, dentro do pensamento ALVES (2000), vai além destas assertivas, indo além dos cinco sentidos, levantando outras vivências que a arte pode oferecer a criança:
  • A arte é forte elemento de interação vertical, onde a alma interage com as energias espirituais superiores, propiciando a criança o desenvolvimento de seu potencial anímico e ampliando sua faixa vibratória;
  • Estimula a capacidade criativa, traçando ao mesmo tempo canais para sua expressão;
  • É uma forma de crescimento interior e desenvolvimento das potências da alma;
  • Representa forte elemento de estímulo a energia criadora do Espírito, que é uma das maiores forças que impulsiona a evolução;
  • Sensibiliza e oferece estímulo à vontade direcionada para os ideais superiores;
  • Pode liberar energias bloqueadas, canalizando-as para níveis superiores e estimulando essa energia a vibrar de forma superior;
  • Pode ser usada como terapia, liberando bloqueios, causas profundas de estados depressivos;
  • Propicia a vivência de estados vibratórios ou sentimentos que o intelecto apenas, por si só, não atingiria.

A arte vem ganhando espaço dentro das instituições espíritas, mas ainda há muito caminho pela frente para que ela ocupe o lugar e a importância que merece, em especial na evangelização espírita infantil. Concordando com BARBOSA (1975), pelos próprios conteúdos afetivos que mobiliza, a arte pode ser um poderoso auxiliar para o enriquecimento de outros conteúdos, em nosso caso, do ensino da Doutrina Espírita aos pequeninos, e são firmemente aceitos os objetivos relacionados com ênfase dessa função na arte-educação. No entanto, ligar a arte a outros assuntos através de mera proposição temática a torna algo secundário, desempenhando apenas papel ilustrativo ou meramente concretizador de conteúdos predominantemente intelectuais, o que a nosso ver não comporta a proposta grandiosa que a arte reserva a todo ser humano.
           
3. Formação do artista espírita: algumas reflexões

“Se o ser humano desde o nascimento estiver preso a um ideal, podemos calcular os novos tesouros que a ele se prenderão. A arte ideal é uma forma de prece, seu pensamento atrairá amigos invisíveis bastante elevados e para estes será fácil realçar o brilho da chama acesa anteriormente, e da alma do artista brotarão obras inspiradas pelo belo e pelo divino.”
(O Espiritismo na Arte. p. 30)

Falar da formação do artista espírita parece algo pretensioso, mas nossa proposta é apenas, lançar algumas reflexões a partir dos pensamentos já pontuadas no início deste artigo.
Como pudemos verificar, de acordo com a Codificação Kardequiana, na infância temos o período mais propício à educação do ser humano, Espírito eterno que retorna as lides terrenas para nova etapa evolutiva.
Da mesma forma, associando a arte, a educação, no sentido de formação integral do ser, temos instrumento capaz de propiciar avanço e progresso ao Espírito reencarnado, semeando desde cedo em sua alma, elementos que lhe propiciem um desenvolvimento mais harmonioso ou estimulando o desabrochar de um futuro artista, cujas tendências sejam direcionadas desde o primeiro instante à busca do bem, do belo e da perfeição em si e em suas obras.  Eis um trabalho delicado nos afirma Pestalozzi, através da mediunidade de Dora Incontri, “pois é preciso alimentar essas almas que voltam, com ideais muito nobres, para que esse poder criador se torne impulso de construção e ascensão e não de perturbação e queda”. (INCONTRI – Pestalozzi, 2009, p.125)
Por que então, não intensificar ações em torno de uma educação artística voltada à criança, tendo em vista tanto sua dimensão humana, quanto sua formação enquanto futuro artista propriamente dito?

“Deixai que as crianças bebam nas fontes mais puras da Arte terrestre... Que elas possam exercitar a sua sensibilidade, ouvindo as melodias mais doces jamais feitas; olhando as cores e as luzes mais sutis já tecidas; declamando os poemas mais elevados jamais compostos; sentindo as produções mais próximas da divindade que o homem já atingiu. Fazei isso com todas elas e se não tiverdes no futuro todos os homens literalmente artistas, tê-lo-eis moralmente melhores e mais criativos.” (INCONTRI – Schiller, 1997, p. 215)

Longe de menosprezar os numerosos grupos formados por jovens e adultos, que envergam tamanha importância dentro do movimento espírita brasileiro, espargindo a mensagem espírita-cristã envolvida em ideais de beleza, harmonia e perfeição, que projetam do esforço pela própria melhoria íntima, vemos na criança a semente do amanhã.
Quantos esforços temos visto em nossos irmãos de ideal em torno da implantação da arte nas casas espíritas, como atividade séria e tão importante quanto às demais atividades. Quanto ainda há de se fazer neste sentido e como já sonhamos com um futuro envolto nas claridades advindas da música, da dança, do teatro, das artes plásticas, da literatura espiritualizadas e conduzindo os seres ao altar da perfeição e da busca de Deus.
Impossível não ver na criança o germe deste futuro, que nasce da educação e do direcionando que lhe outorgarmos hoje.
Quantas reflexões sobre o que é e como fazer arte espírita têm nos incitado a mudanças, quantas transformações nossos grupos de arte espírita tem forjado em nós mesmos através dos ideais que esposamos, da busca incessante pela vivência daquilo que propagamos com nossa arte?
Por que não acendermos essa chama nos mais pequeninos, que ainda se encontram mais flexíveis e mais propensos as impressões que lhes poderão servir de adiantamento?

“Acendei luzes de beleza aos olhos e aos ouvidos das crianças. Mostrai-lhes imagens elevadas, cantai com elas canções harmoniosas, com substância estética! Não penseis poder vos contrapor à enxurrada de lixo em vosso mundo com hinos ingênuos, com odores de incenso e com tolices moralizantes! Deveis ofertar o melhor, o elevado de um Bach, o literário das histórias bem escritas, a poesia dos poetas que souberam ser geniais e sensíveis. Mas sobretudo, tende para com as crianças o exemplo vivo da busca de beleza moral e de estatura existencial, para que possais semear em seus corações o desejo de perfeição!...” (INCONTRI – Pestalozzi, 2009, p. 121)

Longe de abranger toda a extensão que este assunto encerra, finalizamos deixando o convite para que possamos fazer mais arte voltada à criança e com a criança.
Não nos esqueçamos de que já fomos criança um dia e de que amanhã, em novo porvir, estaremos aqui de novo, a espera de braços que nos acolham e de mãos que nos conduzam a novos horizontes através da arte enobrecida que nos edifica e eleva à ascensão a que todos fomos predestinados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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ALVES, Walter Oliveira. Introdução ao Estudo da Pedagogia Espírita: Teoria e Prática. 1ª ed. Araras/São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 2000.

BARBOSA, A. m. Teoria e Prática da Educação Artística. 1.ed. São Paulo: Cultrix, 1975, 114p.

DUARTE, J. F. Fundamentos Estéticos da Educação. 6.ed. São Paulo: Papirus, 2000, 150p.

INCONTRI, Dora. A Educação segundo o Espiritismo. 1.ed. São Paulo: Edições FEESP, 1997

INCONTRI, Dora. Meditações J. H Pestalozzi. 1.ed.  Bragança Paulista:Editora Comenius, 2009

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.. 284ª ed. Araras/SP: IDE, 2003.

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READ, H. E. A educação pela arte. 3.ed. São Paulo : Martins Fontes, 1958, 354p.

SOUSA, Alberto B. Educação pela arte e artes na educação: Bases Psicopedagógicas. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.

READ, Herbert, disponível em:

* Daniela L. P. Soares é graduada em Pedagogia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista, e atualmente está terminado uma Especialização em Educação Musical e um curso de formação em Pedagogia do Movimento para o Ensino da Dança, ambos pela UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Foi coordenadora do Grupo Espírita de Dança Evolução de 1995 a 2004, co-fundadora do Grupo Espírita de Dança Reforma Íntima em Vitória/ES (2006/2007), é coordenadora do Grupo Espírita de Dança Iluminar em Ribeirão das Neves/MG desde Setembro de 2008. Foi idealizadora da I Mostra Espírita de Dança “ Oficina do Espírito” em 2001, que está em sua 9ª edição.


[1] Sir Herbert Edward Read (Kirkbymoorside, North Yorkshire, 4 de dezembro de 1893Malton, North Yorkshire, 12 de junho de 1968) foi um poeta anarquista e crítico de arte e de literatura britânico. Foi nomeado cavaleiro em 1953. Obteve o Prêmio Erasmo em 1966. Foi criado numa fazenda e serviu como oficial na Primeira Guerra Mundial. A infância e a guerra foram temas freqüentes nas poesias que publicou, a partir da sua estréia com Guerreiros nus, em 1919. Após a guerra, trabalhou na curadoria do Victoria and Albert Museum, em Londres. Em 1931 e 1932 lecionou na Universidade de Edimburgo. De 1933 a 1939, foi editor da revista Burlington Magazine.Crítico dos mais conceituados entre as décadas de 1930 e 1950, e expoente do movimento de educação pela arte, Herbert Read impôs-se por seu espírito democrático e humanístico, tanto no campo da estética quanto em pedagogia, sociologia e filosofia política.Escreveu mais de mil obras sobre diferentes áreas do pensamento. Entre seus ensaios, destacam-se O significado da arte (1931), A forma na poesia moderna (1932) e Educação pela arte (1943).